sábado, 4 de junho de 2016

Apresentação do Projeto


“O caminho do Cerrado” apresenta a trajetória, pela rodovia GO-118, de uma mulher nua, usando apenas máscara e botas para protegê-la. Durante o percurso, ela observa e registra todo o desaparecimento da vegetação nativa e o crescimento das monoculturas, e todos os impactos causados por essa ação. 


Nua, ela transita pela estrada expondo seu corpo a todos esses impactos até chegar ao fim da sua caminhada adentrando na área protegida e preservada: a Chapada dos Veadeiros. Acolhida pela natureza, finalmente consegue a proteção necessária para livrar-se da máscara e pode, enfim, respirar livremente.

Um trabalho forte, chocante, revelador, que alerta e tem o intuito de mudar a visão sobre “O caminho” que a humanidade deve percorrer para manter-se em equilíbrio e proteger as futuras gerações. Um registro que nos leva a refletir sobre como agregar a sustentabilidade às atividades rurais e ao agronegócio, visando possibilitar menores impactos ao meio ambiente por meio da preservação do cerrado, esse bioma tão importante para o nosso planeta.

Outro aspecto não menos importante do projeto é a exposição do feminino que tem sido tão banalizado e erotizado em nossa sociedade patriarcal, o tabu da nudez e o resgate da sabedoria e do empoderamento feminino, da liberdade das mulheres serem o que são, da forma que quiserem ser, sem se sentirem ameaçadas ou inferiores. 


Elementos do projeto:

A mulher: Representa a mãe natureza que tem o poder e capacidade de gerar a vida, de nutrir seus filhos e sustentá-los com o poder do seu “leite”. A mulher representa a delicadeza, a fragilidade, a beleza, assim como a transformação, a renovação da vida, a proteção que toda mãe tem por seus filhos, a força que as mulheres possuem para seguir mesmo diante das adversidades.
Com sabedoria e sensibilidade podemos fazer uso dos recursos naturais de maneira sustentável, sem utilizar os recursos de maneira inconsequente.

O nu: Representa a exposição que estamos sofrendo ao estar em contato com todas as degradações. O contato da pele nua, sem vestimenta, sem nenhuma proteção, com as degradações encontradas demonstra a fragilidade da humanidade diante do desmatamento e do uso de agrotóxicos. A pele em contato direto com a destruição durante toda a trajetória remete à pouca durabilidade do nosso corpo e da sociedade diante dos excessos cometidos arbitrariamente.

A estrada: Representa “O caminho do Cerrado”, a trajetória de desaparecimento desse bioma entre o trecho Brasília e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, na estrada GO-118. Remete ao caminho real que o cerrado está seguindo, assim como os outros possíveis caminhos que devemos percorrer para manter e preservar a nossa savana brasileira.

A máscara: Representa a proteção necessária pra se seguir no meio de toda degradação. É a única maneira de respirar, sem se contaminar, nesse cenário de agressões e destruições que se apresentam pelo “O caminho do Cerrado”.

A bota: Representa a proteção necessária para a longa caminhada, 230 Km de devastação.

As tarjas pretas: Representam a contaminação do leite, que antes gerava o sustento sagrado, e que não poderá ser utilizado para alimentar as gerações futuras. Remete às degradações em excesso que poluíram o corpo e o leite da mãe natureza. 

O projeto fotográfico possui cunho artístico e denunciativo sobre a devastação crescente do Cerrado gerada principalmente pelo agronegócio. É um alerta sobre a aproximação e extensão dessas atividades por todo o percurso entre Brasília e o munícipio de Alto Paraíso de Goiás - Chapada dos Veadeiros.

As imagens fazem com que um novo olhar se abra sobre o caminho que o Cerrado, considerado a savana com maior biodiversidade do planeta, e a região da Chapada dos Veadeiros - Patrimônio Natural da Humanidade (UNESCO), vem enfrentando.

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